04/03/2009

LER ...


... EM QUALQUER IDIOMA

Placard incluído na Semana da Leitura

Se Fernando Pessoa tivesse andado na nossa escola, com certeza não teria escrito este poema (embora se trate, naturalmente, de uma ironia) ... No entanto, pela sua beleza (do poema) e porque, premonitoriamente, se refere ao nosso blogue, não resistimos à sua transcrição.


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa

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