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Por que se é do F.C.Porto, do Benfica ou do Sporting? O factor mais poderoso é o da identificação com quem ganha, essa irreprimível afeição pelos vencedores crónicos. Os mais jovens adeptos do F.C.Porto nasceram em Lisboa? E então? Há algum mal em querer pertencer à tribo dos melhores? Pois bem, o Bruno com apenas seis anos já viu o seu clube ganhar uma data de títulos e pôde cantar outra vez na noite de domimgo: "Campeões! Campeões! Nós somos Campeões!" E nós, os mais velhos, que crescemos a ver o clube perder, mas ainda fomos a tempo de viver a era das grandes conquistas, também. A palavra azul fez-nos campeões."
Excerto do artigo de opinião publicado no JN em 17.05.09
Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.
Quase todas as palavras
precisam de ser limpas e acariciadas:
a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
e do mau uso.
Muitas chegam doentes,
outras simplesmente gastas, estafadas,
dobradas pelo peso das coisas
que trazem às costas.
A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.
Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção.
A palavra vento levanta os papéis no ar e
é preciso fechá-la na arrecadação.
No fim de tudo voltam os olhos para a luz
e vão para longe,
leves palavras voadoras
sem nada que as prenda à terra,
outra vez nascidas pela minha mão:
a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.
A palavra obrigado agradece-me.
As outras não.
A palavra adeus despede-se.
As outras já lá vão, belas palavras lisas
e lavadas como seixos do rio:
a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.
Vão à procura de quem as queira dizer,
de mais palavras e de novos sentidos.
Basta estenderes a mão
para apanhares a palavra barco ou a palavra amor.
Limpo palavras.
A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
A palavra brisa refresca-me.
A palavra solidão faz-me companhia.
Álvaro Magalhães
Nota do Administrador do Brisadareosa: Em nome da pluralidade clubística e com o intuito de não ferir susceptibilidades, asseguramos que será dado o mesmo tratamento "bloguístico" a qualquer uma das outras cores, quando as mesmas reunirem os pressupostos que justificaram a edição deste post, se ainda aqui estivermos...
3 comentários:
Bem... Adoramos a nota final da Administrador :-)
Que subtileza... :-)
A palavra Maio acende uma luz de esperança...
"Subtileza" de quem escreve ... e "esperteza" de quem lê ! :)
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